Há muito tempo eu vesti uma armadura. Uma armadura que não é visível e que (quase) ninguém sabe que está lá, mas que me protege de doer...
Foram muitas feridas feitas no rumo da minha história... mas a que mais doeu, essa nunca fechou, ficou em carne viva e gangrenou... O que eu poderia fazer a não ser me proteger de mim? Como eu poderia sobreviver se eu sabia que essa ferida me levaria ao meu fim?
Eu construí essa armadura aos poucos, a cada nova ferida que tentava se insinuar, a casquinha ia compondo essa casca que me impede de sentir, de chorar, de me afogar...
Mas hoje, enquanto eu escutava uma música antiga de um álbum já esquecido, eu encontrei uma dor, eu senti a minha armadura começar a tremer, eu senti a dor tentando aparecer...
Por que você desapareceu sem avisar a quem mais queria ter você por perto? E está de braços abertos pra te abraçar, não importando onde você estava ou se importava em não me magoar, não me fazer chorar, pensando no que eu fiz e eu não fiz nada que pudesse te magoar, que fizesse você chorar, e então, quem errou?
Larguei o álbum e deixei a armadura confortavelmente voltar ao meu corpo, aos meus órgãos, aos meus sentimentos. Com ela sou forte, sou dura, sou resistente... mas será que sou feliz?