quarta-feira, 6 de outubro de 2010

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...foi quando você entrou na minha vida, como quem não queria nada... sem saber que ganharia tudo de mim...




poderíamos casar. não chegaríamos sequer perto do exemplo de família perfeita. teríamos um apartamento, quem sabe uma casa com jardim e um cão com pêlo brilhante. improvável. tomaríamos café as cinco da tarde. você reclamaria o fato de eu ligar o chuveiro horas antes de ir para o banho. eu, por você ter arranhado meu CD de jogo favorito. eu não admitiria o quanto você fica bonito quando bravo e você não diria que lembra da cor do sapato que eu usei quando nos vimos pela primeira vez. discordaríamos quanto a cor das cortinas. não arrumaríamos a cama diariamente, beberíamos juntos em algum clube no final de semana. a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias. adiaríamos o despertador umas trinta e duas vezes só para ficarmos horas na cama enrolando e falando qualquer besteira. eu te ensinaria alguma coisa sobre futebol, e você me convenceria a assistir aquele filme no cinema. sentaríamos na sala de pijama e pantufas, você iria direto para o caderno de esportes no jornal e eu comentaria alguma notícia qualquer. você saberia o nome do meu perfume, eu saberia onde você largou a última edição da revista de música. sairíamos pra jantar em algum dia de chuva e não nos importaríamos em chegarmos encharcados. dormiríamos com o computador ligado. nos beijaríamos no meio de alguma frase. você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia. saberíamos... poderíamos casar…