130 anos
Caro
é transformar-se num arremedo de si próprio a ponto de nem se
reconhecer mais. Hoje eu tenho 130 anos, isso não estava nos meus
planos, Você sabe, a desordem é tenaz. Tantos laços, tantas amarras, os
controles, pretensões, nada adianta se o vento não soprar. Esse vento
sob minhas asas, eu não mando mais em nada. Sei que é alto, mas eu vou
pular! O que todos vão dizer, e aonde vão chegar, nem os olhos podem
ver. Decidido, eu não volto pra casa, ao lar, ao corpo e todas as
palavras, que a vontade, conseguir pensar. Segue o vento sob minhas
asas, eu não mando mais em nada, sei que é alto mas eu vou pular. O que
todos vão dizer, e aonde vão chegar, nem os olhos podem ver.