quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Lady Diana e Liberdade

Quando a Princesa Diana morreu, eu tinha nove anos. Na época, a comoção internacional me fez perguntar pra minha mãe o que tinha acontecido. Eu era bem curiosa. Ela me respondeu dizendo que a princesa da Inglaterra havia morrido em um acidente de carro. Então eu perguntei se ela estava dirigindo, e ela me falou que não. Que oficialmente, a causa havia sido a perseguição dos fotógrafos. Mas que, no fundo, ela desconfiava de que a família real, ou a própria rainha da Inglaterra, havia causado aquela morte, já que a princesa se divorciou do príncipe e estava namorando novamente. Era o tipo de coisa inaceitável na família real, muito menos na vida do futuro rei.

Aquilo me marcou de algumas maneiras, mas eu nunca mais fui pesquisar a história da princesa. Para mim estava claro, ela havia morrido por ser perseguida por fotógrafos ou por ter se divorciado. Fim.

Anos depois, comecei a acompanhar a série The Crown da Netflix e fiquei bem apaixonada. Acho os episódios bem feitos, densos e que seguem uma linha de narrativa muito interessante, costurando de uma maneira bem peculiar a história escolhida para protagonizar cada episódio. Agora, acompanhando a quarta temporada, descubro uma história de partir o coração sobre a Lady Diana. 

Em primeiro lugar, Charles era um menino decente, mas a rainha foi tão distante e colocou tanto a monarquia acima dos filhos que ele se tornou péssimo. Ele era o meu personagem favorito da série (deixando claro que se trata da caracterização das personagens da série e que não necessariamente se relaciona com a realidade das pessoas), enfim, ele era o meu personagem favorito. Apaixonado por Camila, o casamento foi impedido por ela não ser a parceira ideal. Assim, ela se casa, porém os dois continuam se encontrando.

Charles, entretanto, segue conselhos e procura uma esposa, ideal para ser rainha. E conhece Diana. Linda, 19 anos, professora de jardim de infância. Família ideal, aparência ideal. Enfim, eles se casam. E o que era para ser um conto de fadas se transforma em algo tão horrível para ela que ele deixa de ser o meu personagem favorito e se torna para mim um vacilão, um otário ou como quiserem nomear.

Imaginem você ser jovem e se casar com um príncipe e na lua de mel descobrir (ou confirmar) que ele ainda ama a ex namorada, que está com uma abotoadura com as iniciais deles e que ele continua com ela, mesmo casado. Isso destruiu Diana tanto que ela não conseguia lidar com a mídia e suas tarefas. E quando ela finalmente começa a dominar o seu papel e brilhar, ele surta por ela estar roubando o brilho dele. Gente, que vontade de dar uma pedrada nesse homem.

Enfim, o sofrimento de Diana, sua bulimia, seu choro... acabei indo assistir a um documentário, também na Netflix, sobre uma entrevista real e toda a sua história, até o divórcio e a sua morte... e só consigo pensar em uma coisa...

Quantos casamentos seguem infelizes? Isso vale a pena?

Antes de morrer ela havia conhecido alguém e estava, finalmente, feliz, livre, fazendo o que sempre sonhou. 

Quantas vezes vejo pessoas abrindo mão de sonhos para manter um status quo ou uma aparência? E isso vale a pena, afinal?

Quantos casamentos frustrados que são levados assim até o fim... será que casamentos felizes são a exceção? Sendo o casamento a instituição mais tradicional (eu diria sagrada, mas não quero encher essa reflexão com teores religiosos), a tendência é que todos busquem o casamento. Com isso, muitos não dão certo. Quantos levam esse casamento, mesmo infeliz, por conveniência?

Enfim, a história de Diana me fez refletir... primeiro o gatilho da história da bulimia e do sofrimento dela me pegou desprevenida. Mas tudo bem. Depois a questão do Charles, um marido terrível com Diana porque amava Camila (o que não justifica). Diana dando um basta e se divorciando MESMO sendo da família real e futura rainha (o que era inaceitável). E volto na primeira temporada, quando a maravilhosa irmã da rainha, a Margaret, se apaixona e, por ser um homem divorciado, é impedida de se casar. Ela acaba se casando com outro, tem um péssimo casamento e se separa. Depois, vive infeliz e sozinha. Cara, como isso me parte o coração. 

Tudo bem, eles são da família real. Mas quantas coisas não fazemos ou deixamos de fazer por amarras da nossa família? Quando seremos capazes de quebrar as correntes que nos deixam infelizes?